sede

Eu carregava a vida num copo d’água

insípida, inodora, matando a sede aos goles

viciado em falta de ar

queimava ou tacava fogo

não era medo de voar, era medo de cair

eu agitava os braços e as pernas para não afundar

ficava atrás para não aparecer, envergonhado

nisso eu expandi pra dentro.

perdi os meus poderes

desisti do meu disfarce

me falta o suficiente para me alterar

por mais tempo, maior distância.

não quero estar acordado quando a gente adormecer

preciso perceber um pouco menos

descansar mais

precisar menos

acertar o passo

com as pessoas que me envolvem como ventre.

ninguém dá volta ao mundo com algumas batidas

mas eu ainda dou volta em mim

deslocando na transição, sem completar

congelando com o coração na boca.

 

enquanto você me troca

por um mundo que eu não conheço

eu continuo me apaixonando

e experimentando uma maneira

de entrar em alguém

sem sair de mim.

 

São Paulo – 30/11/2007

1 comentário
  1. danilo dilettoso disse:

    e vc transcreve?
    anota em pequenos cadernos?

Deixe um comentário