sede
Eu carregava a vida num copo d’água
insípida, inodora, matando a sede aos goles
viciado em falta de ar
queimava ou tacava fogo
não era medo de voar, era medo de cair
eu agitava os braços e as pernas para não afundar
ficava atrás para não aparecer, envergonhado
nisso eu expandi pra dentro.
perdi os meus poderes
desisti do meu disfarce
me falta o suficiente para me alterar
por mais tempo, maior distância.
não quero estar acordado quando a gente adormecer
preciso perceber um pouco menos
descansar mais
precisar menos
acertar o passo
com as pessoas que me envolvem como ventre.
ninguém dá volta ao mundo com algumas batidas
mas eu ainda dou volta em mim
deslocando na transição, sem completar
congelando com o coração na boca.
enquanto você me troca
por um mundo que eu não conheço
eu continuo me apaixonando
e experimentando uma maneira
de entrar em alguém
sem sair de mim.
São Paulo – 30/11/2007
e vc transcreve?
anota em pequenos cadernos?